quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Exame com nota alta

Um resultado que deixa em aberto as aspirações do Marítimo nesta Liga mantendo a pressão sobre o quinto e alimentando as ambições assumidas desde o início da temporada. 
Em Coimbra, perante uma Académica ferida depois do jogo na Luz, vergada no último minuto numa grande penalidade inexistente, o Marítimo apresentou-se com uma frente de ataque muito móvel que deu as voltas à defesa da Briosa, acabando por vencer com todo o mérito. 
Em termos estatísticos sobressaem algumas curiosidades deste jogo: Coimbra é cada vez mais uma cidade talismã, sendo esta a 4ª. vitória consecutiva no "Cidade de Coimbra"; é a terceira vitória seguida nesta edição da Liga e a primeira vez que marcamos três golos; batemos o recorde do clube, com este jogo a ser o 12º consecutivo a marcar; Danilo marcou o golo 1200 na Primeira Divisão/ I Liga; 
"Um Diabo com duplo D." in MaisFutebol 
Este é o melhor momento da equipa e vem provar o valor destes jogadores. 
Tivemos uma época abaixo das expectativas mas os pouquíssimos reforços, que não renderam aquilo que deles se esperava (com a excepção, ainda que tardia, do David Simão), jogadores muito abaixo da forma em que se exibiram no passado e graves lesões, foram demasiados azares para um equipa que não tem um plantel assim tão alargado, que não contratou à dúzia como o fizeram a maioria das equipas da Liga.
A verdade é que nesta altura mostramos estar num bom momento e isso deve-se (também) às situações que tanto nos condicionaram estarem agora "aparentemente" solucionadas: Olberdam está de regresso depois de prolongada lesão, Artur começa a entrar na equipa, o "velho" Sami está de volta, Danilo em grande, uma referência no ataque (Suk) e um Heldon super-motivado depois de um fantástico C.A.N. 
Continuamos na perseguição ao quinto lugar mas dependentes de terceiros para alcançar o nosso objectivo. 
O pior já passou mas não nos podemos iludir, os tempos continuarão difíceis. Temos um calendário bastante complicado até final e será uma luta alargada e emocionante até ao último minuto.

"Vai ser um campeonato muito complicado e há outras equipas que ainda podem aparecer aqui. Vai ser uma luta muito renhida até ao fim." Pedro Martins

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Académica - Marítimo: Antevisão

Inexequível não continuar a achar que seja mais um jogo relevante, pois cada vez estamos mais cientes do que é necessário aumentar os pontos conquistados: está de facto uma classificação confusa, com um elevado leque de clubes próximos, com vontade de melhorar a sua pontuação de forma aguerrida e empenhada.
 Para esta jornada acabar, falta apenas este encontro, entre Académica e o Marítimo, sendo que o Maior das Ilhas está em 7º lugar, com os mesmos pontos que o Estoril, 25, que se encontra na 6ª posição. A diferença para o 5º classificado, Rio Ave, é de apenas 4 pontos, com uma excelente oportunidade para diminuir essa divergência para apenas um ponto e distanciar-se do Estoril em três pontos.

Circunstâncias:
Académica acabou a série de 3 vitórias consecutivas em casa, frente ao Rio Ave e depois acabou derrotada pelo Benfica, nos descontos finais, através de uma grande penalidade. A verdade é que caso a académica consiga a vitória, ultrapassa o Sporting e seria um importante passo para eles na luta pela manutenção, algo muito ambicionada pela equipa de Coimbra que espera ultrapassar esta má fase que agora atravessa (nos últimos 5 jogos, perdeu 2 e empatou 1).
O Marítimo tem tido uma época inconstante, quer dentro como fora de portas, tendo atravessado um momento menos bom. Apesar disso, a nossa equipa conseguiu marcar nos últimos 11 encontros, bastando-lhe marcar frente à Académica para bate o record de sempre na história do clube. Além disso, duas vitórias consecutivas não haviam sido conseguidas nesta temporada, sendo possível a terceira, que em muito ajudaria os verderrubros em subir um lugar na tabela classificativa (bastando isso empatar) e ficar a um ponto do lugar que acede à Liga Europa. Marítimo que vem nos últimos jogos ganhou três vezes, empatou uma e perdeu outra.

As sondagens:
Nos últimos 5 encontros, o Marítimo venceu 3 desses encontros e a Académica os restantes 2. Apesar disso, em sondagem no Zero Zero, com cerca de 289 votos, aponta para uma vitória da briosa com 53%, depois o Marítimo com 30% dos votos e empate como o resultado menos provável, 16%; outra sondagem, aponta a vitória da Académica com 46% de probabilidades contra 28%.

Onze provável do Marítimo:
Salin; João Diogo (ou Briguel), Márcio Rozário, Roberge e Luís Olim; Rafael Miranda; Artur e David Simão; Heldon, Sami e Danilo Dias.
Suplentes: Ricardo Ferreira, João Diogo/Briguel, Igor Rossi, Semedo, Olberdam, Ytalo e Kukula.
Em substituição, caso não exista algo anómalo e após a primeira parte, será a saída de Artur e entrada de Olberdam (pelo menos 20 minutos de jogo), Semedo por Artur (caso estejamos a vencer) e Danilo Dias ou Héldon ou Sami por Kukula (dependendo do mais cansado).

Os melhores marcadores:
A Académica com Edinho com 10 golos, Salim Cissé com 6, Marinho e Wilson Eduardo com 3 e o ausente Flávio Ferreira com 1.
O Marítimo com David Simão com 4 golos, Rafael Miranda com 3, Sami, Adilson e Fidélis com 2.

Ausências:
A Académica conta sem os lesionados Flávio Ferreira e Carlos Saleiro e sem o castigado Hélder Cabral.
Já o Marítimo não conta com o João Luiz e Adilson (lesionados), Fidélis que veio de uma lesão e se encontra sem ritmo competitivo e Rúben Ferreira castigado. Suk é um caso específico, pois além de castigado está também lesionado.





A minha visão:

O último jogo em Coimbra foi um jogo bem disputado, sendo que o Marítimo marcou através de Héldon (que foi dispensado pela Académica aquando júnior) estabelecendo assim o resultado de 0-1, num jogo em que não merecemos ganhar e marcado pela expulsão de Rúben Ferreira e Render. Neste encontro esteve também público verde-rubro que em muito festejou a vitória e assinalou logo a sua presença com as bandeiras da Madeira.
Este ano, em clara ascensão, que desde a chegada de madeirenses (que se deslocaram da ilha) se notou e nota a cidade preenchida de tons de verde e vermelho. Fizeram-se “arruadas” com cachecóis e cânticos, sendo que amanhã antes do jogo não será diferente, assinalando desde cedo a nossa presença no Estádio de Coimbra.
Como nem tudo são mares de rosas, esta deslocação fica marcada pela indisponibilidade da Académica em aceder ao pedido do Marítimo para mais bilhetes para o jogo, que pediram permuta (compensado a Académica com o mesmo número de bilhetes para o ano, nos Barreiros), algo que não aconteceu. Com esta impossibilidade, cada madeirense e maritimista terá de pagar o bilhete de 10 € para apoiar o Maior das Ilhas frente à equipa estudantil (recordo que o ano passado seriam 2 bilhetes a 5 euros). O que compromete um pouco a todos em termos financeiros, mas que não será por isso que se vai deixar de sentir apoio no sector visitante.

Todos estamos com o mesmo pensamento: uma vitória (acredito num resultado de 0-2, com golos de Héldon e Sami) e que desse modo consigamos também bater o record do clube, indo também contra as sondagens que apontam o Marítimo como derrotado.
A todos os que se vão deslocar a Coimbra: Lá nos encontramos!
(Como é bom estar entre família verde-rubra!)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Não havia necessidade...



"... fizemos algumas coisas estúpidas e perdemos um pouco a cabeça. Depois, com o passar dos minutos, ficámos bem, com a cabeça mais limpa, defendemos e conseguimos manter a vitória." Roberge


Mas o futebol é isto mesmo, são 90 minutos de suspense, como tão bem descreve o seu mestre: 
"Na vida, se soubéssemos as consequências de cada acto, o entusiasmo perderia a razão de ser. Que piada teria ir a um jogo se já soubéssemos que equipa ia vencer? O desconhecido tem apelo precisamente porque é misterioso." A. Hitchcock

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Quem gostavas de ver com as nossas cores?

Alguns clubes já recorrem aos seus associados nos seus sites oficiais para determinarem quais os jogadores a contratar, ou tentar fazê-lo. Tudo porque o adepto é a razão de um clube, porque através desta acção promove-se uma maior animosidade entre os dirigentes e adeptos e também porque todos os clubes têm, não só treinadores de bancada mas também olheiros.

Normalmente apresentam um leque de jogadores e posteriormente em valores percentuais aquele que lidera a lista após votação. Um clube que usa frequentemente este método (excelente de interacção com os adeptos) é o Middlesbrough FC da "Championship", que corresponde ao segundo escalão do futebol inglês. É um tema interessante que vem de encontro ao que muito têm escrito sobre o Marketing. Seria sem dúvida uma ideia a explorar.

Um guarda-redes como o Ricardo Ribeiro (Moreirense), ou defesas como o Steven Vitória (Estoril), médios como Makelele (Académica) que tem sido excelente no meio campo, são todos jogadores que certamente deliciariam muitos nos Barreiros. Luís Leal (Estoril) talvez fosse o homem certo para ocupar a vaga agora ocupada (e bem!) por Suk.

E vocês? Quem gostavam de ver jogar com as nossas cores, caso fosse necessário recorrer ao mercado?

Marítimo – Estoril



Uma vez mais, um jogo importante para nós, frente a uma equipa que tem surpreendido pela positiva, com os mesmos pontos que nós. Uma equipa perigosa, que costuma marcar sempre, com grandes jogadores a brilhar neste campeonato.

Discursos dos treinadores:
Pedro Martins considera o jogo fundamental para manter as aspirações a um lugar europeu, mostrando-se motivado a conquistar a segunda vitória consecutiva. Mostrou preocupação, pois o Estoril está bem no campeonato, com os mesmos pontos do marítimo. O que o faz antever num jogo difícil, bem disputado. Referiu a analise que fez à equipa estorilista, não esquecendo a derrota na primeira volta por 3-1, com uma expulsão logo no inicio do jogo. O nosso treinador também sabe que defronta uma equipa que joga muitíssimo bem em transições, o que é sempre perigoso. A maior ambição é fazer uma sequência de vitórias, para acumulação de pontos para a luta pelos lugares europeus. Acaba também por dizer que no seu entender este fim-de-semana poderá ser fundamental e decisivo nisso mesmo
Marco Silva referiu que duas ou três vitórias consecutivas colocam qualquer equipa mais tranquila na tabela, que está confusa. Afirmou também que os seus objectivos eram a manutenção, mas sem relaxar e ambicionando mais, querendo ganhar frente ao Marítimo. Disse também que não quer a pressão adicional porque não tem sequer orçamento para a Liga Europa, afirmando-se realista e que a pensar no objectivo principal desde o início da época: a manutenção. Mostrou saber que o Marítimo é uma equipa com objectivos diferentes, definidos, mas considera que os seus jogadores vão lutar com o intuito de vencerem.

Estatísticas:
O quadro anexado mostra a estatística deste campeonato, onde o Estoril detém mais uma vitória, menos três empates e com mais duas derrotas.
Dado a salientar é a eficácia do Estoril, com 26 golos marcados, e a ineficácia ofensiva, com os mesmos 26 golos sofridos em 18 jogos, contra os nossos 17 e 27 correspondentes.

Falando nos prognósticos, em 295 votos, 118 são a favor da vitória verde-rubra, contra 103 votos a favor do Estoril, com 74 a achar que dará empate.

Jogadores lesionados/ castigados:
Estoril: Steven Vitória (expulso no ultimo encontro, sendo a principal baixa do Estoril devido à sua forma extraordinária e ter sido muitas vezes decisivo) e por lesão Tiago Gomes (defesa esquerdo) e o (avançado) João Paulo;
Marítimo: João Luiz, Fidélis, Marakis e Adilson – todos por lesão.

Convocatória:
Marítimo: Salin e Ricardo Ferreira;  Briguel, João Diogo, Roberge, Márcio Rozário, Igor Rossi e Rúben Ferreira; Semedo, Rafael Miranda, Artur, Luís Olim e David Simão; Suk, Ytalo, Danilo Dias, Sami, Héldon e Kukula.
Estoril: Vagner e Mário Matos; Yohan Tavares, Jefferson, Anderson, Mano, João Pedro, Bruno Miguel; Gonçalo Santos, Evandro, João Coimbra, Diogo Amado e Carlos Eduardo; Luís Leal, Fréderic Mendy, Carlitos, Tony Taylor e Licá

 (Novamente a negrito está a equipa que penso que será o 11 inicial)



Este domingo é gordo , com dois jogos em casa da equipa A e B.

Espera-se por isso muito público e casa cheia, após o Marítimo ter oferecido bilhetes às/aos namoradas/namorados de sócios, na sequência do Dia dos Namorados.
Jogos às 11 e às 16!

MARCA A DIFERENÇA, MARCA PRESENÇA! O Marítimo precisa do teu apoio, mostra-te trigo e não joio! 

Domingo gordo


C. S. Marítimo B x Atlético, às 11h em Santo António. 

Lista de convocados:
GR: José Sá, Carin;
DF: Cristiano, Gégé, Bauer, Ricardo Alves, Tiago, Armando;
MD: Amar, Alex Soares, Nuno Rocha, Rúben Brígido;
AV: Ibrahim, André Ferreira, André Soares, João Vieira e Edivândio.

E às 16h, C. S. Marítimo x Estoril, no Caldeirão dos Barreiros. 

Lista de convocados:
GR: Salin, Ricardo;
DF: Briguel, João Diogo, Roberge, Márcio Rozário, Luís Olim, Igor Rossi, Rúben Ferreira;
MD: Semedo, Rafael Miranda, Artur, David Simão;
AV: Suk, Ytalo, Danilo Dias, Sami, Heldon e Kukula. 



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Estádio dos Barreiros XXI

O tempo passa e o ferro vai ganhando outras cores. O projecto do novo estádio tarda em avançar. O Marítimo ambiciona a Liga Europa sem ter um recinto "decente" para receber tal competição. O clube daria um salto enorme com os 9.000 lugares já concluídos sem data aparente para conclusão.

Quando abordamos a conclusão do estádio, falamos inevitavelmente em dinheiro e prioridades. Tendo em conta que existe a dependência de dinheiro público e atendendo à lista de prioridades do Governo Regional, quase que podemos esquecer um recinto  mais que apetecível para todos os adeptos.


Se formos a ver, o Marítimo está (um pouco) atrás de equipas como o Sporting de Braga, Vitória de Guimarães ou Académica a nível de património. No entanto temos um bom complexo em Sto. António para desenvolver potencialidades nas mais variadas modalidades do clube. O clube só peca mesmo no recinto onde alberga a maior quantidade de adeptos.

Não queremos ter de jogar para a Liga Europa quase na Camacha, pois o recinto do Marítimo é os Barreiros. Se os adeptos querem o estádio acabado? Querem de certeza. Existe verba? Pouco provável. Resta depositar esperanças na boa vontade daqueles que lutam pelo futuro do clube todos os dias.

Saudações Maritimistas!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A diáspora


Ir correr o país com o Marítimo era um dos entusiasmos da minha ida para a Faculdade. Quem não vai ao estádio poderá relativizar, como o fará quem, consoante lhe apeteça, pode fazer uns quilómetros de carro e ir ver a sua equipa de sempre a um vizinho qualquer. Para a insularidade, porém, "ir ver" o Marítimo sempre foi uma coisa especial, uma afirmação, uma razão em si mesma. O meu pai não ia ao Continente passar uns dias com os amigos; o meu pai ia ao Continente ver o Marítimo, o que faz, basicamente, com que o resto fossem só as sobras. Eu nunca tinha ido. Daí que, à entrada para uns quantos anos do outro lado, já visse tudo na minha cabeça.

Como nas melhores histórias, o meu primeiro jogo foi o acontecimento mais inortodoxo à face da Terra. O primeiro ano ainda estava naquele início de Outono, eu ainda a perceber bem o que era aquilo tudo, e o meu velhote foi fazer as honras. 19 de Outubro de 2008. O Marítimo ia jogar a primeira eliminatória da Taça desse ano a casa de um clube então absolutamente desconhecido, que teria acabado de subir da 3ª para a 2ªb, algures lá bem no coração do Norte. Nesse dia, comi pão de ló pela primeira vez na vida. Descobri onde raio era Arouca no mapa, e fiquei a saber o que é perder-se pela noite nos caminhos de Portugal. Infelizmente, também percebi o amargo que é o nosso clube ser o gigante na história dos tomba-gigantes. Até hoje, essa eliminação ocupa um lugar de destaque nos traumas da memória colectiva maritimista. Desse dia, contudo, guardo uma coisa completamente diferente. Ironicamente, o que nunca vou esquecer dessa derrota absurda é o gosto desmedido na cara do meu pai, por estarmos lá. Para ele, percebi isso depois, aquilo não era um jogo da Taça. Aquilo era uma passagem de testemunho. Um rito, uma etapa, uma instituição de pai concretizada. Era "irmos ver" o Marítimo, e nisso residia, por si só, todo o valor. Nesse dia, aprendi uma das minhas maiores lições de maritimismo: não interessa como acaba. Tudo o que interessa é que se esteja lá.

Vi muito menos jogos do que gostaria de ter visto. O dinheiro, o tempo e a Universidade nem sempre são sensíveis à militância. Mas ainda vi, felizmente, histórias para contar. Ainda nesse Inverno, com toda a gente a contar a hora de voltar para casa - diziam-nos as histórias que o segredo era sobreviver ao primeiro Inverno -, eu achei de ficar para trás, e gelar no Dragão, num dia 21 de Dezembro. Foi suficiente para ver o 0-0, o melhor resultado que lá se fez em 20 anos.

Um dia, na Mata Real, apanhei a chuvada da minha vida. 2 horas a levar com a água antárctica que jorrava do céu, no estádio mais velhinho e modesto que deve existir no Sistema Solar. Quem já lá foi num dia mau, há de compreender. Perdemos. E já nem jogávamos para nada, nesse fim de época. Que se foda, tão épico que foi, gritarmos pelo Marítimo sozinhos e ensopados, numa bancada só para nós, enquanto o resto do mundo racional se acotovelava na cobertura exígua das Centrais, para não apanhar uma pneumonia.

Estive em Alvalade, quando o Manu enfiou ao Patrício um dos bilhetes desse campeonato, no jogo que lhes pôs o ponto final no Paulo Bento forever. Grandes 600km foram esses, em menos de dois dias. Coisas para a fé do meu pai, bem visto, que alugou o carro, e, conforme a tradição, nos abasteceu de um saco de bifanas no pão, compradas numa das roulottes à saída, para ir para cima com a alma ainda mais quente.

Quando fui à Luz, perdi. Foi o fim-de-semana dos 20 anos de um dos meus irmãos de sempre. Ainda estávamos ressacados, e ele tinha um avião para apanhar em contra-relógio, no fim desse jogo e no fim desse domingo à noite. Estávamos a perder 3-0 ao intervalo, ia ser melhor jogar pelo seguro. Acontece que marcámos dois a abrir a segunda-parte, e a fé move montanhas, mesmo que não faça aviões ficarem à espera. Ele perdeu esse avião. Nós perdemos 3-2. Continuou a valer a pena.

O melhor jogo que vi foi a uma sexta-feira à noite em Coimbra. Até hoje, é um dos maiores festivais que tive o prazer de presenciar. Que bendito show de bola, com dois gajos a delirarem ali perdidos no meio do resto da gente, algures para onde os bilhetes de visitantes nos tinham mandado. Ganhámos 4-2, único desfecho à altura da História que também se celebrava nessa noite: Mitchell Van der Gaag lalalala, passou, então, a ser também música de treinador. Coimbra-B pareceu o sítio mais simpático do mundo, nas horas geladas em que ainda tivemos de esperar pelo comboio nessa noite.

Apanhei temporais, andei perdido, gastei dinheiro que às vezes nem tinha, tive medo de apanhar porrada, e perdi muitas vezes. Mas aquele gozo de ir desembocar a lugares onde nunca fomos, descobrir o caminho até ao estádio e chegar com a vaidade das nossas cores, dando, finalmente, com o nosso bastião, com o nosso sabor a casa, não é coisa que se explique. O coração fica cheio. E não conta, realmente, se ganhamos ou perdemos, como o meu pai me ensinou sabiamente, naquele primeiro dia. Ali, estamos em missão, estamos a dar a cara pela causa, temos o orgulho de poder dizer presente. E devoção não é coisa que se possa cobrar. A viagem é a recompensa, como diz um velho provérbio chinês. Essa devoção é o que investimos e o que ganhamos ao mesmo tempo.

A esses anos do outro lado do mar, e a nós, nessas viagens para ir ser fiel a casa, habituamo-nos a chamar de diáspora. Na semana passada, foi a minha vez de fazer parte, um dia mais. Hoje, foi a vez da diáspora festejar por mim.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Suk mostrou as garras




Uma jornada em que os Deuses do futebol estiveram loucos (é sempre de louvar uma jornada em que os "suspeitos do costume" perdem pontos - quem diria que o Cajuda, esse velho conhecido, seria capaz de empatar em casa do líder da Liga?). 
Uma justíssima vitória do Marítimo na capital, a segunda consecutiva para a Liga, assente numa exibição que alguns descreveram como sendo "à Marítimo do ano passado", com Suk a mostrar todo o seu potencial deixando a promessa de que poderá ser a referência atacante que a equipa procura há já um ano e Salin muito seguro entre os postes. 
Com uma equipa inicial inédita, Pedro Martins mostrou uma vez mais que coragem é coisa que não lhe falta. 
Chegar a Alvalade, num momento complicado depois de uma pesada (ainda que injusta) derrota em Barcelos e lançar um "onze" com João Diogo a médio e com David Simão e Artur num meio-campo muito criativo e ofensivo parecia uma invenção, um desvario. O jogo provou-nos o contrário, com a devida vénia ao Mister
Parabéns à equipa e aos adeptos que estiveram em Alvalade. São três pontos importantes para a manutenção ("first things first"), para recuperar a confiança e motivação para o que resta do campeonato, e um prémio para aqueles que nunca deixaram de acreditar. 


Jogo Sporting - Marítimo; Cachecol e Ameaças

É com muito orgulho que vos escrevo, pois hoje conquistamos 3 importantes pontos.
Escrevo também hoje devido ao seguimento do que se passou no jogo. Pois bem, aqui vai:
Primeiro, atrasaram a entrada a adeptos verde-rubros... tudo por causa do cachecol deste blog, Irredutível. Porquê? Porque consideraram a palavra ofensiva e agressiva, "Irredutível". Depois, chamaram reforços, chegaram a fazer "peito", reforçando a segurança devido ao cachecol conter essa palavra proibida... A solução foi terem de deixar o cachecol à entrada, no Guarda-Objectos...
Depois, com a vitória consumada, continuamos a apoiar os verde-rubros até saírem todos do campo, saímos tranquilamente, e dirigimos-nos ao parque, onde os autocarros partiriam.
Estávamos a falar entre todos, felicidade estampada, cachecóis e camisolas empenhadas e bandeiras nos punhos. Sem criar confusões, ficamos juntos. Éramos 5 pessoas, sendo que um único homem. Chegaram sportinguistas (3 homens da claque Juve Leo) à nossa beira, perguntaram-nos pelos "Ultra Templários", por Câmara de Lobos e pelos ditos "Xavelhas" e pela bandeira que foi roubada pelos UT e que aquilo não se fazia... Depois, convidaram o único rapaz que estava connosco para andar à porrada, sendo que para isso ele teria de chamar mais 2 homens, para serem 3 contra 3...
Depois, acalmando os ânimos dizemos que não havia ninguém para andar à porrada com eles, o mais falador vira-se para uma das meninas e pede um beijinho para ele se ir embora, encostando-se e estando-se a fazer a ela. Ela empurrou-o e disse que beijo não lhe dava, mas para ele ir embora.
Lá foi ele e nada mais nos aconteceu... Se tivemos medo? Sim, um pouco... Resolve-mos também tudo pelo melhor e ficamos seguros, todos juntos!

Depois de contar-vos isto, só tenho a dizer:
VIVA O MARÍTIMO!!!


PS: De salientar que foi uma boa deslocação, com poucas pessoas é certo, mas uma das deslocações mais vibrantes, mais cantantes, mais participativas e mais unidas das que eu consegui assistir!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Sporting - Marítimo: duelo de leões (ante-visão)

Jogo de amanhã, desta feita contra o Sporting. Mais um jogo considerado importante pelo salto que dará na tabela classificativa em caso de vitória. Espera-se raça, qualidade, vontade, determinação e muito empenho para conseguirmos os três pontos tão ambicionados.
Todos nós sabemos que não será fácil este encontro entre leões, em que ambas as equipas estão com o orgulho “ferido” e deste modo ambicionam os três pontos para melhorarem.

Últimos encontros frente ao Sporting, em nossa casa:
  • Jogo referente à 3ª jornada – resultado 1-1 - golos de Wolfswinkel (54 minutos) e João Guilherme (86);
  • Jogo da Taça da Liga - resultado 2-2 - golos de Wolfswinkel (29), Héldon (40), Rafael Miranda (65) e Xandão (87);

E quem não se lembra dos 2-3, na 3ª jornada do campeonato na época passada, em que fomos a Alvalade vencer?

Festejos do golo de Babá

No que toca a opções tácticas  espero que o Pedro Martins que não cometa os mesmos erros que no jogo anterior. Mexeu na equipa, e bem, mas fez más opções, nomeadamente colocar o Rodrigo António que esteve apagado durante os minutos que teve em campo, sendo substituído antes do final da primeira-parte, como exemplo. De salientar que neste jogo não deve existir grandes alterações nem “invenções” e deverá jogar os jogadores em melhor forma física e mental.

Onze que considero que vai alinhar a titular:
Guarda-Redes: Ricardo Ferreira;
Defesas: João Diogo; Roberge; Márcio Rozário; Rúben Ferreira;
Médios: Rafael Miranda; David Simão; Artur;
Avançados: Suk; Sami; Danilo Dias;

Questões ainda por resolver:
  • “Caso” João Guilherme não ter vindo a ser convocado. O que se passa? Qual a vossa opinião sobre isto?
  • Rúben Ferreira deverá ou não jogar, visto que no último jogo, ficou no banco. Terá sido um aviso ou um castigo?
  • Quem joga a meio campo? Rafael Miranda, Semedo, David Simão e Artur? Qual será o trio utilizado?
  • Haverá ponta de lança fixo, Suk, ou será como nos jogos anteriores contra o Sporting e até mesmo Newcastle, em que não joga ponta de lança fixo, servindo o Danilo Dias como falso ponta de lança?
Constrói a equipa titular, deixando a tua opinião em comentário.


PS: Como poderam ver pelas fotografias, estive com a Margarida Novais com os jogadores, o ambiente era de confiança, alegria e vontade de fazer mais e melhor. Todos estão confiantes num bom resultado. De salientar que o Danilo disse que o cachecol do Irredutível era bonito, tendo um também, em sua casa, pendurado e que olha para ele sempre que sai de casa.

"Vontade de vencer."


De volta a um palco onde na época passada arrancamos para uma brilhante época.
Hoje os tempos são outros, esta equipa tem valor mas atravessa uma fase de pouca confiança, os resultados não estão a aparecer e as dificuldades na finalização persistem.
Mas e que melhor do que Alvalade para afastarmos estes "fantasmas"?
Passem várias vezes o jogo de Alvalada da 3ª. jornada da época passada, e a vitória (e que vitória) da segunda volta no Caldeirão. Não deverá haver maior motivação do que recordar esses dois grandes jogos, sobretudo o segundo, um verdadeiro festival.
Ao árbitro convém analisar várias vezes o jogo dos quartos da Taça de Portugal, apitado pelo seu colega Artur Soares Dias em substituição de Cardinal pelos motivos que todos conhecemos, para que pelo menos valha a pena a viagem.

Lista de convocados:
GR: Ricardo Ferreira, Salin;
DF: João Diogo, Márcio Rozário, Roberge, Igor Rosi, Briguel, Rúben Ferreira;
MD: Rafael Miranda, Luís Olim, Semedo, Artur, David Simão;
AV: Sami, Heldon, Danilo Dias, Kukula e Suk.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Ser campeão é detalhe








"É bom aferir que, muitas vezes, aqueles que julgamos serem os nossos problemas, nada são comparados com o que aqui vimos, para mais perante pessoas que têm uma postura tão positiva como esta." 
"É bom receber um sorriso destas pessoas, é bom lhes trazer alegria e entusiasmo. Sentimos uma enorme satisfação." Pedro Martins

Visita ao "Centro de Actividades Ocupacionais" da Ponta do Sol. 

Álbum

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Um de nós


"O Marítimo? Faz parte da minha vida. Deu-me uma oportunidade como jogador aos 29 anos, e depois deu-me a oportunidade de começar a carreira de treinador. Foram dez anos com muito sucesso. Nunca esquecerei o Marítimo e a Madeira."

Quando me lembro dele, a primeira coisa que me vem à cabeça é um contra-ataque do adversário. Qualquer contra-ataque, qualquer adversário, fosse um, ou fossem muitos. Não sabia exactamente como, só sabia que ia ser com classe. 3 segundos depois, balbuciaria o meu pai, com um sorriso mal escondido: "Mitchell. Fácil." Era isso que parecia. Ele nunca cortava feio, e raramente batia, talvez jogasse por regras diferentes. Calhando, nem sujava os calções. Era um daqueles defesas que faz carreira só para dar bom nome à profissão. Para mim, o Mitchell nunca fez um jogo mau. Jogos maus são coisa de jogadores desocupados, e o Mitchell era sério e holandês, tinha mais que fazer. Não fazia correrias, nem acrobacias e mal me lembro dele gritar com os colegas. O Mitchell sempre foi a prova acabada de um líder pelo exemplo. Para carisma e reverência, bastava-lhe estar. Tinha tanta qualidade e tamanho compromisso com aquela camisola, que não havia como não respeitar, e não tentar modestamente fazer o mais parecido possível. Não acho que, no seu mandato, algum jogador do Marítimo tenha falado para ele sem ter em conta, até à terceira camada do subconsciente, que estava a falar com o capitão. Nele, aquela braçadeira fez sempre sentido, e é isso que faz um mundo de diferença. Não conheço ninguém que o tenha visto, e que não ficasse orgulhoso por ser ele a levá-la.

Em Portugal, ele não vestiu outra camisola. Como tinha de ser. E depois de uma fugida curta à Arábia, voltou para casa, para contarmos com ele. 3 anos desde as botas penduradas, e foi a hora. A época estava estranha, e a aposta foi conservadora, barata, lançou-se um homem da casa para segurar o barco. Na altura, a falta de experiência assustou, mas, vendo agora, foi sempre lógico. Afinal de contas, ninguém melhor do que quem tinha feito vida a segurar-nos tantas vezes. Essa foi a equipa do Marítimo mais entusiástica que me lembro de ver. Não a melhor, não a mais temível, mas, sem ponta de dúvida, a que tinha o maior coração de todos. Lembro-me de um jogo em Belém, a perder 2-0, a jogar com 10, a um quarto-de-hora do fim. Empatámos. Sofríamos golos a rodos, mas uma coisa era certa: não havia adversário nenhum, nem resultado nenhum, que não pudéssemos virar. Esse Marítimo era uma vertigem de futebol total, e de emoção e nervos pela pele. Até hoje, se há "o jogo que eu não fui ver", é a última jornada desse ano, no Afonso Henriques. Tínhamos de ganhar para ir à Europa, o Vitória só precisava do empate, e marcou primeiro. O 2-1 final festejei como um título, a ver em comoção, pelo streaming, o Mitchell a chorar no campo, e depois a falar como um adepto, na sala de imprensa. Não como o jogador, não como o treinador, mas definitivamente, e nesse que foi o seu último grande dia de Marítimo, como um de nós. É isso que ele será para sempre.

Este ano, cada vitória do Belém é, pois, vitória de um dos nossos. Fico a torcer pelo Jamor imensamente. Se ele lá estiver, estará também o Marítimo.

O estranho lado do futebol.


"Quem não viu, não percebe o que se passou." Rafael Miranda
"É muito complicado explicar o se passou aqui. Fizemos um bom jogo, dominámos no meio campo adversário mas não fomos objetivos na concretização. Depois, fomos muito condicionados pelos critérios da arbitragem. No primeiro golo não há falta para penalty, o que nos penalizou logo com cartões a Roberge e Diogo Simão. Além disso, na segunda parte, todas as jogadas confusas na área do Gil eram sancionadas contra nós.
[João Ferreira] Não penalizou algumas faltas que eram merecedoras de cartões e, a culminar, a expulsão de João Vilela é injusta. O resultado é este, parabéns ao Gil Vicente, mas é um resultado enganador." Pedro Martins

"Barcelos viu o estranho e injusto lado do futebol
Se o Marítimo pudesse recorrer desta sentença, ganharia em qualquer instância e em qualquer tribunal. No futebol isso não é possível, todos sabemos, e apenas os golos vinculam o destino dos envolvidos. Mas a ideia mais forte tem de ser esta, sem ponta de exagero: o Gil Vicente venceu 4-2 e, provavelmente, nem o empate justificou.
Há um lado misterioso, estranho, indecifrável neste maravilhoso desporto. Um lado onde justiça e injustiça andam de mãos dadas e, não raras vezes, se confundem. Esse lado teve presença decisiva em Barcelos e ajudou a construir um resultado absolutamente inexplicável. 
O Marítimo teve mais bola, ocasiões de golo, qualidade de jogo e sai vergado a uma derrota pesadíssima. O Gil venceu, trabalhou imenso e foi terrivelmente eficaz. Em cinco oportunidades fez quatro golos e maquilhou uma exibição pobre, insegura e claramente montada no contra-ataque.
Repetimos: não é fácil explicar a evolução do marcador e o desfecho do mesmo. O Gil viu-se a ganhar bem cedo no jogo, através de um penalty marcado por João Vilela (falta de Roberge sobre Hugo Vieira) e, desde esse momento, entregou por completo a posse de bola ao Marítimo. 
Os insulares ameaçaram pela direita, foram pela esquerda, tiveram um David Simão enorme e um Suk a falhar por duas vezes o empate. Cruéis, os galos não quiseram saber disso e, mesmo em cima do intervalo, fizeram o segundo. Canto de Paulo Jorge, remate forte de Luís Carlos. 
Quando o Marítimo reduziu, também de penalty, faltavam 40 minutos para o fim e todos os presentes sugeriram que os insulares iam chegar à reviravolta. Tudo apontava para isso, de facto. O meio-campo do Gil não tinha intensidade, dinâmica, qualidade no passe e os madeirenses esmagavam o oponente contra as cordas. 
Eis que, sem aviso prévio, Paulo Jorge inventa uma jogada fabulosa e entrega de bandeja o terceiro do Gil Vicente a Hugo Vieira. Quase no lance seguinte, o mesmo Hugo Vieira voltou a encostar para golo, desta vez a passe de João Vilela. 
Em dois minutos toda a lógica reinante foi arrasada pela realidade muito própria do futebol. O Gil manteve-se imune aos encantos insulares e essa terá sido a sua principal virtude. Aguentou o mais que pôde, aparentou um sofrimento atroz e, em dois golpes furiosos, reclamou a coroa. 

Sentença injusta, sim, mas inapelável. O Gil conquista três preciosos pontos na luta pela manutenção. " por Pedro Jorge da Cunha in "Mais Futebol"