Depois de abordar as entradas e saídas para a nova época do Marítimo, chega a hora de fazer um balanço do que foi esta pré-época, com o 3º e último artigo desta sequência. Em primeiro lugar, devo dizer que tinha preparado um artigo diferente, ia falar-vos do Rúben Ferreira nos "sub-20", de uma nova postura por parte do Pedro Martins perante os adeptos, até tinha um trocadilho com o discurso dos "homens de barba rija" do Presidente Carlos Pereira, mas depois de ler algumas das notícias de hoje sobre o nosso clube, sinto-me triste e obrigado a pôr em causa se o Marítimo é, ou não, um clube profissional.
Um clube profissional de futebol tem, na sua estrutura, um departamento responsável pela direcção desportiva da equipa, departamento esse que é o "coração" por onde passa todo o futebol do clube, seja ele relacionado com a equipa principal, futebol de formação ou prospecção de mercado. O responsável por esse departamento será, necessariamente, o homem forte do futebol de um clube, quer seja ele o treinador da equipa principal, ou o director desportivo. Independentemente, e nas palavras de José Mourinho, "A estrutura de um clube deve ser moldada à filosofia do seu treinador, às necessidades e ao seu modo de pensar."
Aplicando este raciocínio estrutural ao Marítimo, deparamo-nos com um entrave inicial, quem é o responsável pelo futebol verde-rubro? Se por um lado o técnico Pedro Martins é o responsável pelo dia-a-dia da equipa A e B, parece ser o Presidente do clube, o responsável pela prospecção, ou falta dela, e contratação de activos para a equipa. Aliás, depois da saída de António Fidalgo, ex-director desportivo do Marítimo, sem que tenha sido contratado um substituto para a sua posição, parece-nos liquído que o Presidente chamou a si essa responsabilidade. Ultrapassado o primeiro entrave, levanta-se um novo obstáculo, um que temo ser intransponível - Quantas observações dos reforços foram feitas, antes dos mesmos assinarem pelo Marítimo?
Ora bem, com excepção do Pouga, somos obrigados a concluir que a contratação de Domeneghini e dos 4 nigerianos foram realizadas sem qualquer observação presencial, que atestasse a componente física e técnica, quer por limitações geográficas, quer pelo facto de muitos deles não actuarem regularmente nos antigos clubes. Mais grave, no caso dos nigerianos, parece-nos óbvio que os mesmos fazem parte da "carteira" do mesmo agente desportivo, o que prova que a resposta ao 1º entrave estava errada - não há responsável pelo futebol do Marítimo, porque se houvesse estaria, obviamente, demitido!