Quarta-feira, 17h, estádio dos Barreiros, assistência 500 (noutras latitudes houve casos ainda mais graves).
Um cenário desolador, uma visão dantesca do futebol português.
Como é que toleramos isto? Como é que os adeptos e os clubes aceitam jogos a estas horas? Qual é a justificação da Liga para este horário que é também prática corrente na II Liga?
Porque não jogaram todos à mesma hora, a uma hora mais decente para quem, neste país, ainda tem trabalho?
Se existem decisões suicidas, esta é apenas mais uma no futebol português. A continuar assim será apenas uma questão de tempo.
O jogo serviu de teste para alguns jogadores da equipa B (Ricardo Alves, Marakis, Brígido e Kukula), frente a uma das equipas-sensação da Liga, já que apenas defendíamos a nossa honra depois de hipotecadas as hipóteses de seguir em frente na competição.
Para um Rio Ave com aspirações na prova era de esperar outra atitude, outra vontade em assumir o jogo, em tentar o golo, mas assim não terá entendido Nuno Espírito Santo, o que também contribuiu para um jogo fraco e sem grandes motivos de interesse, tirando a reacção ao golo sofrido, vinda dos pés da jovem promessa cabo-verdiana - Kukula Costa.
A juntar a tudo isto, e como se não bastasse, tivemos uma das piores arbitragens de sempre nos Barreiros do mesmo protagonista de Alvalade em Dezembro 2011, apenas com a diferença ter sido mais justo, errando de forma absurda para os dois lados.
Este Senhor foi capaz de transformar um jogo tranquilo, sem quezílias, sem grande intensidade e em que os jogadores facilitavam (pensavam eles) o seu trabalho, num dos jogos mais agressivos da história do futebol português, expulsando 4 jogadores.
Não deve demorar muito a receber as insígnias da FIFA.
Voltando ao que nos interessa, Kukula, a jogar na esquerda foi o que mais impressionou. Marakis saiu ao intervalo mas demonstra que a breve prazo poderá ser uma opção mais consistente na primeira equipa. Ricardo Alves jogou na lateral esquerda, gostaríamos de o ter visto na sua posição de raiz e não em adaptações desnecessárias, Artur esteve apagado tendo a atenuante de lhe faltar ritmo competitivo e da falta de entrosamento com os colegas e sistema de jogo. E por fim Brígido. Fez um jogo desastrado e para nosso mal tarda em provar o valor que lhe foi reconhecido no passado e que, aquando da sua contratação, entusiasmou os adeptos que viam no jovem leiriense uma das grandes contratações dos últimos anos, uma jovem promessa que poderia explodir ao serviço do Marítimo. Tem muito trabalho pela frente, temos grandes esperanças mas a verdade cruel é que neste momento não é titular nem da equipa B.
E para terminarmos em beleza, deixamos o comunicado da Académica ao sucedido após o final do jogo com o benfiquinha, envolvendo a TVI.
Mais uma vez expressamos a nossa solidariedade e apreço para com a Direcção da A.A.C. por procurar defender os interesses da instituição da forma que todos os restantes clubes deveriam fazer.
Muitas das trapalhadas deste nosso pobre futebol seriam resolvidas se houvesse uma posição de força, que passaria também pelos adeptos, na defesa de um futebol mais justo, mais imparcial e com igualdade de tratamento.
"No seguimento dos acontecimentos registados no final do jogo entre a Académica e o SL Benfica, disputada esta quarta-feira no Estádio da Luz, vem a Direção da AAC/OAF manifestar o profundo desagrado pelo seguinte:
Tal como habitual (e obrigatório), o treinador da Académica, Pedro Emanuel, deslocou-se, no final da partida, à zona de entrevistas rápidas da TVI, estação responsável (?) pela transmissão do jogo. Seguindo a ordem estipulada pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, que dá prioridade à equipa vencedora no alinhamento das entrevistas, o nosso treinador faria a análise da partida após o treinador do SL Benfica, tal como veio a acontecer.
No momento em que Pedro Emanuel se apresentou no flash-interview, a TVI decidiu cortar a emissão, mostrando uma total falta de respeito por uma Instituição que tem 125 anos de existência. Terá entendido a referida estação que o trabalho já estaria concluído quando ouviu os intervenientes do SL Benfica, revelando uma falta de profissionalismo verdadeiramente assinalável. Aliás, essa falta de profissionalismo esteve bem patente nos comentários proferidos durante o jogo, onde existiu uma vontade inequívoca em desvalorizar tudo o que a Académica realizou em campo. A Direção da AAC/OAF repudia e lamenta o sucedido, exigindo da parte da TVI um retratamento público perante tamanha falta de respeito. Será este mais um exemplo que deve servir de reflexão para todos os agentes do futebol, sobretudo a comunicação social, que continua a lutar árdua e diariamente para a promoção e divulgação das equipas mais fortes financeiramente. As outras continuam no esquecimento… É este o futebol que queremos em Portugal?"
E os comentários de alguns adeptos em reacção a este caso:
"Mas alguém duvida da legitimidade destas críticas.Infelizmente em Portugal só têm voz na comunicação social os mais ricos e com poder nas audiências,para o resto só migalhas e,nalguns casos(como este),nem isso.A meu ver todas as instituições deveriam ser respeitadas independentemente da sua dimensão." Garras1925
"Palmas para a Briosa! É incrível a TOTAL parcialidade da comunicação social (TVI e não só) a favor dos 3 grandes... Assim o futebol português nunca vai evoluir!" Semogcsm
"... Na minha modesta opinião, um dos maiores males que assola o nosso futebol é o completo desrespeito e desprezo com que são tratados os clubes que não os 3 do costume. Este episódio foi apenas mais um, ainda que mais flagrante do que o normal. Não espanta, vindo da TVI, onde o amadorismo e a "parolice" reinam e garantem audiências neste nosso pobre país." Francisco
Ficamos a aguardar os vossos.