terça-feira, 10 de abril de 2012

Entrevista com Brad Wexler, júnior do Marítimo



Conte-nos resumidamente como é que o futebol fez parte da sua vida, e quando é que se tornou mais do que um desporto jogado por prazer, e qual o momento mais alto alto da sua carreira até hoje?

O Futebol sempre fez parte da minha vida, já que cresci a dar pontapés nas coisas, não só as bolas de futebol, mas tudo o que era suave. O meu pai era jogador de futebol, por isso cresci a ver futebol com ele desde muito novo, e partilhando a sua paixão pelo desporto. Não me lembro desde quando o futebol faz parte da minha vida, já que penso que sempre foi o meu principal foco de atenção no dia a dia. Por vezes não dormia a pensar no que iria tentar no meu próximo jogo ou treino. Até ficava acordado até mais tarde, às escondidas dos meus pais, para tentar ver os jogos que passavam à noite, na tentativa de aprender alguma coisa com os profissionais, coisa que ainda faço nos dia de hoje, ainda que já não precise de o fazer à socapa. 

O Futebol tornou-se mais do que um desporto quando entrei para o Ajax de Cape Town com 11 anos. O sonho de tornar-me jogador profissional parecia mais próximo, por isso a minha visão do jogo mudou um pouco, pois apercebi-me de que para que os sonhos se concretizassem teria de trabalhar muito. O ponto mais alto da minha carreira foi jogar pela equipa do distrito na Cidade do Cabo, bem como pela equipa da Western Province, da qual fui capitão. Para além disso, considero muito importante o facto de ter entrado para os escalões jovens do Ajax de Cape Town. 

Como é que se tornou atleta do Marítimo, já que sabemos que haviam outras equipas interessadas em contratá-lo? 

Participei em treinos de captação no Maiorca e no Osasuna em Espanha, bem como no Maccabi Haiffa em Israel. Tinha 16 anos quando fui a Espanha para estes treinos, tendo sido observado para entrar nas equipas Sub-19 de ambos os clubes.
Ambas os treinos correram-me bem, mas só o Osasuna fez-me uma oferta para ficar, devido a alguns problemas que prefiro não mencionar. No entanto, não pude assinar pelo clube espanhol devido aos regulamentos da FIFA para os jogadores africanos, por isso decidi voltar ao Ajax de Cape Town para não perder ritmo de jogo, bem como passei a jogar futebol pela minha escola, em virtude de ter ganho uma bolsa para o efeito. Essa época correu-me muito bem, já que marquei 4 golos e fiz 8 assistências em apenas 11 jogos. Passados 6 meses fui até Israel tentar a minha sorte no Maccabi Haiffa, onde me saí muito bem, pelo que quiseram logo ficar comigo. Mas como não iria conseguir acabar o ano escolar devido ao serviço militar, achei por bem não aceitar a oferta, que não era apelativa o suficiente para mim e para a minha família. Assim sendo, decidi acabar a escola e, em Setembro de 2011 vim para o Marítimo por 10 dias, tendo recebido uma proposta para ficar no 7º dia. Por fim, a transferência foi acertada entre o presidente Carlos Pereira e o meu agente Micky Paiva, e eu regressei a a casa para acabar os exames, tendo voltado à Madeira em Janeiro deste ano. 

Está satisfeito com as actuais condições de treino (colegas de equipa, campos, treinadores, etc.)? Qual a sua opinião sobre o clube? 

As condições de treino são de um nível standard para que os jogadores possam trabalhar no dia a dia. O pessoal técnico nas camadas jovens sofreu algumas alterações, por isso temos vindo a trabalhar com o novo treinador, Daniel Quintal, com quem temos vindo a aprender imenso. Estou feliz por estar a trabalhar com o mister Daniel, porque sei que ele está sempre disposto a ajudar-nos a melhorar. 

Como tem corrido o processo de adaptação aos novos métodos de treino e a um estilo de futebol completamente diferente daquele a que estava habituado? Quais as principais diferenças entre o futebol africano e o europeu? 

Sinto que adaptei-me rapidamente ao estilo de jogo e todos os dias sinto-me cada vez mais à vontade. É um pouco diferente da África do Sul, já que cada treinador tem o seu estilo de jogo, pelo que agora tenho de me adaptar aos métodos do novo treinador, o que não tem sido sempre fácil, mas sinto que tenho feito progressos diários dentro de campo. 

Penso que a maior diferença entre o estilo de jogo europeu e o africano, é que cá o futebol é jogado de forma mais directa. Tudo o que fazemos dentro de campo tem que ser feito com o objectivo de ser marcado um golo. Sinto que há um grande espírito competitivo, já que os egos e o orgulho desempenham um papel fundamental até durante as mais simples sessões de treino. Nenhum clube é perfeito, mas espero que com humildade e muito trabalho consiga chegar ao topo rapidamente. 

Na minha opinião, ganhei um pouco de experiência europeia aqui no Marítimo, quer dentro como fora do campo, e estou confiante que em breve começarei a jogar da forma que sempre acreditei ser capaz. Sou um jogador que dá 110% em tudo o que faço, e sei que vou chegar à equipa principal assim que os meus níveis físicos, as minhas exibições e a minha experiência vierem ao de cima. 

Na sequência da sua participação num estágio de observação da Federação Sul-Africana de Futebol no final da época passada, podemos contar com a sua presença na equipa olímpica da África do Sul? Nesse sentido, já conta com alguma internacionalização pelos “Bafana Bafana”?

Espero estar bem fisicamente e preparado para uma possível chamada à Selecção Nacional Sub-20 da África do Sul, já que a 28 de Fevereiro fui convocado para uma sessão de treinos pelo treinador Levenghu, mas como não me sentia bem fisicamente, juntamente com o treinador, achei por bem adiar essa convocatória para um próximo estágio. Assim, se tudo correr bem, participarei na próxima sessão de treino dos Sub-20, que à partida terá lugar no final da época, tendo em vista a preparação da qualificação para o CAN Sub-20. Acredito que um dia representarei os “Bafana Bafana”, ou não fosse o sonho de qualquer jogador sul-africano. 

Tem sentido alguma dificuldade na adaptação a uma nova realidade, incluíndo um novo continente, a vivência numa ilha e a língua? Já conheceu muitos ex-emigrantes madeirenses na África do Sul? Tem gostado da sua nova vida na Madeira? 

O tempo na Madeira é semelhante à Cidade do Cabo no Inverno, pelo que isso não tem sido um problema. Acostumei-me rapidamente à ilha, muito graças à ajuda do pessoal técnico e directores, a quem estou muito grato, sendo que espero corresponder dentro de campo a toda a fé que depositam em mim. Conheci alguma pessoa da África do Sul, nomeadamente o Sérgio Marakis e o seu irmão, que joga nos júniores. Mudei-me para cá com outro jogador, o Miguel Rodrigues, pelo que ele tem sido fundamental sempre que preciso de ajuda. 

Tenho que admitir que foi um pouco difícil no início, afastar-me da minha família, de uma rapariga que me era (é) muito próxima e dos amigos de toda a vida, no entanto, este sempre foi o meu sonho desde que me consigo lembrar, por isso nunca pus em causa a decisão quando foi altura de arrumar as malas, e desde aí nunca mais olhei para trás. 

A minha carreira não seria o que é hoje se não fosse a minha família, já que eles têm estado presentes nos momentos bons e nos maus, dentro e fora do campo, por isso gostaria de agardecer-lhes publicamente, em especial ao meu pai que foi um jogador excepcional na sua altura, e por isso tem sido decisivo ao longo da minha vida, ajudando a tornar-me um melhor jogador e um homem adulto. 

Por fim, pedimos-lhe que deixe uma mensagem aos adeptos, o que devem esperar de si e, também, o que espera deles em termos de apoio nos jogos e para a sua carreira como jogador. 

As pessoas podem esperar uma coisa de mim, é que darei tudo o que tenho em cada jogo. Quando entro dentro de campo jogo pelo nome que tenho ao peito acima de tudo, já que foi o Marítimo que me deu uma oportundidade única, por isso juntamente com o Liverpool, têm um lugar muito especial no meu coração.
Já sinto um grande carinho por este clube e tudo farei para ajudar, se não agora, de certeza que o farei quando me derem uma oportunidade. 

Força Maritimo!

1 comentário:

  1. Que tenhas muito sucesso Brad, principalmente aqui no Marítimo!!

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