sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Messias, escribas e o Estado Central.

"Se não vier um Messias..
Quando se fala de futebol profissional em Portugal, parece que se fala de uma qualquer coisa que nada tem a ver com o país que somos. Um país abalado por uma das maiores crises da sua história, económica e financeira, em que a população empobrece, em que o desemprego alastra e onde, todos os dias, uma empresa fecha. 
Sendo assim, por que carga de  água haveria o futebol de ser diferente? 
A maioria dos clubes em Portugal não vive, sobrevive. À excepção de Benfica e FC Porto, com uns (quase) obscenos orçamentos para a realidade lusitana, jogando um campeonato à parte, a que nem o Braga nem o Sporting têm possibilidades de desafiar, os restantes clubes da nossa Liga mitigam o que resta, cada vez com menos receitas para cobrir as despesas, mesmo que alguns com uma ginástica de fazer inveja, originando uma competição profundamente desequilibrada (equilibrada, isso sim, mas por baixo), perspectivando-se para breve situações de incumprimento a todos os níveis. Com a Liga a ver!
Na Madeira, duplamente penalizada pelo plano de resgate ao Continente, as coisas não são, muito naturalmente, melhores. Bem pelo contrário.
A recente entrevista do presidente do Nac.. ao programa 'Prolongamento' da RTP-M, mostrando um dirigente menos exuberante do que o habitual, comprova, contudo, a ideia de quem parece de costas voltadas para os problemas de toda uma região que não se circunscrevem unicamente ao futebol profissional. As políticas megalómanas de crescimento, pese embora embora a obra feita, mas em base pouco sustentada sob o ponto de vista social, pagam-se caro. Há problemas conhecidos, os mais recentes relativos a problemas fiscais e ao caso Rúben Micael. 
O Marítimo mergulha também em situações difíceis, financeiras e de contencioso fiscal, com um estádio inacabado, mas sustentado numa massa crítica e social, quiçá, a lhe permitir sobreviver mais no tempo, se, entretanto, nada mudar na política regional. Ou se não aparecer por aí um Messias salvador. 
Uma coisa o presidente do Nac... tem razão: será utopia exigir-se, por parte da comunicação social e dos adeptos, a Europa a Marítimo e Nac.. Os adeptos, e neste caso parece que os do Marítimo já interiorizaram isso, terão de habituar-se a novos tempos. Por agora alcançar a Europa não é uma miragem. Mas, muito em breve, leia-se já na próxima temporada, provavelmente os objectivos e ambições serão obrigatoriamente repensados. Se, entretanto, todos sobreviverem à tempestade." Emanuel Rosa 

Esta crise tem sido uma lição para muitos, e tem demonstrado que muitos de nós vivíamos acima das nossas reais possibilidades. Crescemos sem olhar a meios, sem sequer nos importar se essa ambição desmesurada comprometeria o futuro. 
Mas se uns já há algum tempo aprenderam a lição e aceitaram a cruel realidade, com tudo o que de negativo isso trouxe (sobretudo a nível desportivo, com todas as implicações que isso acarreta), outros há que apesar das reconhecidas dificuldades, não deixam com isso de mostrar a sua arrogância e os seus tiques de superioridade, continuando a sua saga como se nada se tivesse alterado. 
E isto vem (também) a propósito de mais um texto de um escriba remunerado, Pedro Mota (in "Diário de Notícias" 01-02-2013), que, para além de começar por dar parabéns a si próprio, fazendo depois toda a ladainha da auto-promoção da excelência, das modalidades que não fecharam (esquecendo-se de referir mais uma vez o futebol feminino e o futsal), vem falar da, agora importante, aposta na formação.
Esta estratégia, que começou com aquela dramática encenação de entregar as chaves e mandar os miúdos para a porta da Quinta Vigia (demonstra as reais motivações dos seus "responsáveis"), foi montada com a chegada da crise, com o intuito de chantagear e de conquistar alguma opinião pública mais desatenta. 
Este clube apenas este ano colocou dois jogadores madeirenses da sua formação na equipa principal, quando outros têm-no feito desde sempre, mas quem os lê parece que é um feito inédito, algo de inovador, de visionário. 
É que ainda na época passada este mesmo clube (garanto-vos que era o mesmo), na apresentação da nova época, acarinhava os "meninos da Choup.." que mais não eram que SEIS jogadores provenientes de Angra dos Reis. 
Onde é que estava a aposta na formação? Quantos madeirenses faziam parte desse plantel?
Há coincidências fantásticas, num há? 
Mas se existem questões a ser debatidas e resolvidas cá dentro, se existe uma urgente reflexão a fazer sobre o modelo que queremos para o nosso desporto, os objectivos que queremos atingir, etc., há também uma luta comum entre todos nós que é o tão propalado "princípio da continuidade territorial". 
Há muito boa gente que aponta o dedo mesmo sem conhecer a realidade da insularidade, gente que acha que é tudo igual e que não devem haver quaisquer distinções. 
Ora pois bem, sabiam essas pessoas que o Estado Central apoia as deslocações de todas as equipas continentais à Região e obriga a que as equipas da Madeira, por seu lado, continuem a custear as suas viagens, sem qualquer apoio do Estado? Mas que raio de país é este? 
Com isto já caíram várias equipas das mais diversas modalidades. Com isto o desporto, que deveria ser uma competição saudável e justa entre todos é ferido de morte: é por este facto que a equipa de Hóquei, de Voleibol e de Andebol, realizam jornadas duplas no rectângulo, competindo em dias seguidos, em condições muito adversas. É por isto que o clube optou por dar falta de comparência a um jogo nos Açores, da sua equipa de voleibol masculino, por essa viagem implicar um custo acrescido. 
Isto é coisa de terceiro mundo, é uma discriminação injusta, ilegal e inconstitucional aos praticantes que, segundo o Estado português, por azar nasceram numa região autónoma. 
E depois, como dizia um antigo seleccionador, os ch*l*s somos nós? 

3 comentários:

  1. Quem trata a gestão do Nacional e as suas opções são os nacionalistas e não pelo pseudo-jornalista e muito menos as "opiniões" dos mritimistas....amadoras fechadas??? Olha ao espelho,meu caro...basquetebol masculino,badminton,etc.Será que os carrinhos de madeira conta??? Não se preocupem com os problemas do CDN...

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  2. Ninguém está preocupado com as opções do nacional, agora não se admite é que venham estes "escribas", que escrevem de acordo com uma estratégia de comunicação bem deliniada, tentar passar a imagem de que o clube tudo tem feito para manter as "amadoras", quando não é verdade, e da aposta do clube nos jovens da formação (aquando do episódio eram 5 ou 6.. sobram 2), quando isso aconteceu apenas nesta época e para ajudar a construir o enredo de todo aquele triste episódio.
    A crítica é só essa.

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  3. E quantos aos "carrinhos de pau/ rolamentos", como diz e bem são opções, e a um clube que se diz "o mais popular" fará mais sentido do que apoiar equipas de "Doutores" em jogos de Padel.

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