Carta Aberta a Pedro Proença

Caro Pedro,

À hora em que escrevo esta carta, deves estar a entregar a chave do carro alugado no Aeroporto, e prestes a abandonar a Pérola do Atlântico. Por esta altura, deves estar pensar: "Mais um adepto do Nacional....!", mas não Pedro, as minhas cores são outras, por sinal - e ao arrepio das leis da cor - opostas ao preto e branco, já que ao peito levo o leão do Almirante Reis, e no coração o verde-rubro da República. Perguntas tu, o que poderá um maritimista querer de ti! Ora Pedro, esta não é uma carta de agradecimento anti-clubista, nem sequer uma queixa por uma qualquer decisão a desfavor do Marítimo, este é o desabafo de um madeirense, adepto de um clube, grande aos olhos dos seus, mas pequeno no bolso de quem lucra com o futebol. Mas vamos a dados concretos. Eu sei que todos os adeptos nasceram com um Pierluigi Colina dentro deles, que tu não tens acesso ao replay, que como um piloto de caças tens de tomar a decisão em segundos, que até estava muito frio na Choupana e tu pareces-me uma pessoa que prefere uma temperatura mais amena, mas Pedro....Pedro, aquele penalti, Pedro! Alguma vez viste o Platoon, a cena em que o Sargento Elias morre? Ouvi dizer que era o filme preferido do Insua. Mas não te preocupes, Pedro. Amanhã, os jornais vão arrumar a tua exibição num canto esquecido, as televisões não vão perguntar pela arbitragem ao Domingos e as rádios vão continuar a passar Michel Teló. Afinal, tudo está bem, quando acaba bem.

Saudações Verde-Rubras,