O texto que vos partilho é da minha autoria, copiado do meu blogue pessoal.
Sou oriundo de famílias tradicionalmente sportinguistas, sempre foi esse o espírito que me foi incutido desde o primeiro dia de vida pelo meu pai. Confesso que ainda tenho um álbum de fotos do Chão da Lagoa vestido com as cores verde-e-brancas, na altura tinha entre dois a três anos de idade, nem sabia o que era uma bola de futebol quanto mais o Sporting.
Descobri o que era o Marítimo quando este apurou-se para a final da Taça de Portugal em 2001, na altura houve uma grande manifestação regional de apoio ao clube, que nesse ano mobilizou cerca de seis mil adeptos ao Jamor, uma marca nunca antes registada por nenhum clube insular.
Assisti ao encontro pela televisão juntamente com o meu pai, claro que ele queria que fosse o Marítimo o vencedor, pelo simples facto de ser sportinguista e torcer, sobretudo, pela derrota do rival da invicta.
Com nove anos de idade caíram as lágrimas quando os adeptos verde-rubros exibiram uma enorme bandeira da Região Autónoma, sendo mais tarde agradecidos pelos jogadores do clube que mesmo antes de iniciar a partida pegaram uma bandeira e mostram aos adeptos, recebendo uma enorme ovação dos maritimistas presentes, e uma valente assobiadela dos adeptos portistas
O Marítimo acabou por perder a final frente ao FC Porto por 0 – 2, tendo tido ainda um golo anulado. No final do encontro registaram-se incidentes violentos entre adeptos dos dois clubes, a minha posição sobre o clube acabava de se definir, porque não aceitava, com nove anos de idade, que houvesse gente que não respeitasse as pessoas que são da minha terra, pessoas essas que exibiram uma bandeira do local que nasci, que foram simplesmente apoiar o clube que as representa. Era dali em diante que o Marítimo entrou no meu coração, na minha alma e no meu quotidiano, e se nasci verde-e-vermelho – mais verde-e-vermelho vou acabar por morrer.
No ano seguinte o Marítimo atingia a meia-final da Taça de Portugal frente ao Sporting, em Alvalade. Em casa, o ambiente era favorável ao Sporting, não fosse eu criado numa família tradicionalmente verde-e-branca. Disse, para espanto do meu pai, que apoiaria o Marítimo. “Tu não és do Marítimo, tu és do Sporting” - disse ele. Insisti dizendo novamente que iria apoiar o Marítimo porque era do Funchal. O meu pai baixou a cabeça, irritado, mas acabou por não me dizer nada. O Marítimo abriu o marcador no Estádio José de Alvalade para meu contentamento, o golo foi festejado efusivamente por mim diante de um sportinguista de espinha que, resolvera permanecer calado. Depois do Sporting ter feito o empate, o Marítimo marca e gela por completo. Quando tudo parecia ser sorridente ao Marítimo, o Sporting marca de livre nos minutos finais e acaba por inverter o destino do encontro com o golo de João Pinto que marcara de cabeça num pontapé de canto. Para festejos do meu pai e tristeza minha, o Marítimo é eliminado. Após o encontro, jurara que não abandonaria o meu clube mesmo que este perdesse. Que me recorde, depois dessa época de 2002, nunca mais voltei a ter mais nenhum clímax desportivo, a não ser as presenças na Taça UEFA/Liga Europa e/ou 5º lugares no campeonato português.